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O cerco e o circo, capítulo II

Com a intervenção militar no estado do Rio declarada hoje, é bom lembrar das considerações da professora Jacqueline Muniz (UFF) sobre a ação das Forças Armadas na Rocinha, no segundo semestre do ano passado. São observações de quem entende do assunto e demonstrou que a ação era teatral, mas que seu custo para o Estado, não. Claro, a situação agora é diferente. Até que se prove o contrário, o nível de desorganização e a incompetência generalizada devem se repetir, talvez em maior escala.

 

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DECRETO Nº 9.262, DE 9 DE JANEIRO DE 2018

Extingue cargos efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de pessoal da administração pública federal, e veda abertura de concurso público e provimento de vagas adicionais para os cargos que especifica.” Alguns desses cargos: secretário executivo, tradutor, intérprete, técnico em arquivo, enfermeiro do trabalho, pesquisador, médico veterinário, técnico em planejamento administrativo, tec. em produção cultural, médico, técnico em segurança do trabalho, radiologista, técnico de enfermagem, técnico em contabilidade, técnico de laboratório, técnico em cartografia, analista de sistema, engenheiro de segurança do trabalho, economista, pedagogo, geógrafo, técnico educacional, biomédico, bibliotecário, arquivista, zootecnista, estatístico, odontólogo, psicólogo, sociólogo, nutricionista, farmacêutico, administrador, assistente social, auditor, técnico em assuntos educacionais, fisioterapeuta, professor assistente, titular e auxiliar, analista de informação e muitos outros… Cf. site da Presidência da República, Casa Civil.

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Fechamento da editora Cosac & Naify

Conforme noticiado no jornal Estado de S. Paulo, a editora Cosac & Naify fechará as portas. É uma grande perda: sob a chancela da Cosac foram publicados alguns autores importantes que revisam a poesia moderna, além de crítica brasileira, como o excelente Passos de Drummond, de Alcides Villaça; diversos clássicos da literatura universal, como O vermelho e o negro, de Stendhal, e a nova tradução de Guerra e Paz, de Tolstoi. Fora os artistas plásticos, os infanto-juvenis, a poesia recente.

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UFRJ – Volta às aulas só no dia 16 de março

Extraído do site da Adufrj, onde se encontra o texto completo de Silvana Sá:

A reitoria da UFRJ, após consultar decanos, diretores e conselheiros do Consuni, além de ouvir o relato de várias trabalhadoras terceirizadas (que estão com seus salários atrasados), decidiu adiar, novamente, o início das aulas deste primeiro semestre: agora, de 9 para 16 de março. A decisão abrange todos os níveis de ensino da universidade: Escola de Educação Infantil, Colégio de Aplicação, graduação e pós-graduação.

A reunião do último dia 6, que bateu o martelo sobre a suspensão, foi convocada em caráter de urgência pela administração central da universidade. Na véspera (5), os trabalhadores haviam ocupado o Conselho Universitário em busca de solução para a falta de seus pagamentos. 

Além da mudança no calendário, outras ações deverão ser providenciadas pela reitoria. Elas incluem: o pagamento integral referente ao mês de janeiro à empresa de serviços gerais Qualitécnica, a garantia de que os profissionais não terão os dias que não puderam comparecer aos postos de trabalho, justamente pela falta de dinheiro, descontados em folha; e o compromisso de que não serão transferidos de unidades como forma de represália aos atos políticos. 

De acordo com a pró-reitora de Gestão e Governança, Araceli Cristina Ferreira, a empresa informou que possui dinheiro em caixa para realizar o pagamento de todos os vales-transporte e vales-alimentação até terça-feira (10). Ainda segundo Araceli, neste dia 9, a UFRJ depositará na conta da empresa o valor total do serviço prestado referente ao mês de janeiro. Na quinta-feira (12), os recursos deverão chegar aos trabalhadores. Ao Jornal da Adufrj, porém, a pró-reitora reconheceu que ainda não há previsão de pagamento referente ao mês de fevereiro. O reitor Carlos Levi não participou nem do Consuni nem da plenária do dia 6, pois estaria em Brasília (DF), fazendo gestões junto ao governo para resolver a crise da UFRJ.

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Centro de Artes UFF

Finalmente, uma boa notícia. Extraído do site do jornal O Globo [via Roberto Bozzetti]:

NITERÓI — Reaberto em agosto do ano passado, o Centro de Artes UFF se tornou rapidamente um sucesso de público. Desde então, mais de 35 mil pessoas de diferentes faixas etárias passaram por lá, e a previsão é que até dezembro mais de 200 mil visitantes compareçam ao espaço que exibe filmes, peças de teatro e exposições e é palco de concertos de música clássica.

E não são apenas os números que comprovam o sucesso do complexo cultural. Quem passa pelo local distribui elogios à programação e à estrutura encontrada nas instalações do centro. Maria Luiza Silveira fez uma ótima avaliação. Ela assistiu a “Relatos selvagens”, longa argentino que concorre ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Maria Luiza, que mora em Nova York, mas é nascida em Niterói, estava com a amiga francesa Zuzane Russo.

— A programação de filmes é muito bacana. Sentimos falta de um cinema assim. Está faltando cultura em Niterói, e a reforma deixou o espaço excelente — diz Maria Luiza.

Robson Leitão, gestor interino do Centro de Artes UFF, comemora o rápido sucesso com a população de todo o estado, não apenas de Niterói:

— Vem muita gente do Rio, de Itaboraí e de São Gonçalo. Quando o Centro de Artes ficou fechado, houve uma perda de atividades culturais na cidade. Quando reabrimos, o público percebeu que não precisava mais ir ao Rio para buscar esse tipo de programação.

EXPERIÊNCIA COMPLETA

E são vários os casos de quem voltou a comparecer ao edifício onde também funciona a reitoria da universidade na Rua Miguel de Frias 9, em Icaraí. Conta ainda positivamente o fato de o cinema estar integrado a um ambiente que proporciona imersão em atividades culturais.

— É ótimo o cinema estar dentro do Centro de Artes porque completa o passeio. Podemos ter uma experiência cultural completa — diz o representante comercial Antonio Mattos, de 67 anos.

Com muitas falhas na exibição, a projeção do antigo cinema sempre foi alvo de reclamação dos frequentadores e virou até motivo de piada. O motivo, explica Leitão, era um erro na concepção da sala:

— Havia um erro de angulação da janela de uma das cabines de projeção, mas com a reforma esse problema foi completamente resolvido.

E a estrutura não ficou melhor apenas para exibição de filmes. João Franco, diretor do Teatro da UFF, relata que as instalações estão melhores também para as artes cênicas:

— O teatro hoje é o melhor do Brasil em termos de equipamento. Procuramos fazer nossa programação para interagir tanto com o cenário universitário quanto o de educação.

A VOLTA DA ORQUESTRA

O Centro de Artes também mantém uma orquestra, que volta a se apresentar em março. É a oportunidade para jovens músicos mostrarem o seu trabalho.

— Este tipo de música não tem muito espaço nas casas de show. Por isso é importante que a UFF mantenha a orquestra — conta Márcio Selles, coordenador-geral de música. — Damos oportunidade a jovens compositores, regentes e solistas.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO

Sábado. “Histórias de João de Barro”. Espetáculo musical de Bia Bedran com músicas de Braguinha. Em cartaz até o dia 15. Sábados e domingos, às 17h. Ingresso: R$ 30. Livre.

Sábado. “Deixa clarear”. O espetáculo faz uma visita à memória de Clara Nunes e ao seu universo musical. Em cartaz até o dia 15. Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 20h. Ingresso: R$ 30. Livre.

Até o dia 4 de março. Exposição “O jogo”. De segunda a sexta, das 10h às 21h; sábados e domingos, das14h às 21h. Gratuito. Livre.

8 de março. Concerto da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, às 10h30m. Regência do maestro Jésus Figueiredo. Ingresso: R$ 10. Livre.

12 de março. Exposição “A linha do artista?”, de Vinícius Ferraz, no Espaço Aberto UFF. Domingo a sexta, das 10h às 21h; sábados, das 14h às 21h. Em cartaz até 19 de abril. Gratuito. Livre.

12 de março. Exposição “Alguma coisa atravessa pelos poros”, de Andréa Facchini, na Galeria de Arte UFF. Domingo a sexta, das 10h às 21h; sábados, das 14h às 21h. Em cartaz até 19 de abril. Gratuito. Livre.

12 de março. Exposição “Invisíveis”, de Klacius Ank, no Espaço UFF de Fotografia. Domingo a sexta, das 10h às 21h; sábados, das 14h às 21h. Em cartaz até 19 de abril. Gratuito. Livre.

15 de março. Música aos domingos, com o Conjunto Música Antiga da UFF, às 10h30m. Ingresso: R$ 10. Livre.

22 de março. Música aos domingos, com a Orquestra Barroca do Amazonas, às 10h30m. Regência de Márcio Pessoa. Ingresso: R$ 10. Livre.

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“Universidades federais têm um terço dos recursos bloqueados pelo MEC”

Extraído do site G1 [via André Vallias]:

As universidades federais começaram o ano com um corte de 30% no orçamento, e está faltando dinheiro para pagar serviços terceirizados e para programas para os estudantes.

O Bom Dia Brasil [vídeo] tem mostrado que a falta de recursos atinge a educação de várias formas. Agora as instituições vão cobrar uma resposta do governo esta semana. Isso porque a educação foi apontada como prioridade do governo.

A explicação do Ministério da Educação é que o orçamento de 2015 ainda não foi aprovado pelo Congresso e, por isso, o governo tem que segurar os gastos.

Esta semana, reitores se preparam para ir a Brasília e cobrar providências do MEC. O principal argumento de reitores é que a educação é um serviço essencial para os brasileiros. Portanto, não deve receber cortes de verbas.

Mais um ano letivo, um novo orçamento – só que desfalcado – e alunos preocupados. “Se começar assim sem verba é complicado”, afirma um estudante.

“Tem prejuízo, claro que tem”, diz outro estudante.

Não é só na Universidade de Brasília, mas todas as universidades federais receberam neste início de ano 30% a menos do que estava previsto. “Já tem afetado várias universidades. Os serviços terceirizados, muitos não estão sendo pagos, assistência estudantil, problema de bolsa que começam a afetar academicamente as universidades”, afirma o presidente do Andes, Paulo Rizzo.

Na Federal da Paraíba, estudantes fizeram protesto, como mostram imagens de celular, em frente a reitoria para pedir o pagamento do auxílio alimentação.

Na Universidade de Campina Grande, também na Paraíba, não estão em dia água, luz, telefone, e falta dinheiro para pagar os alunos bolsistas. “Se nós estamos devendo bolsa de janeiro, isso nos preocupa. Significa dizer que nós podemos encerrar o segundo mês do ano sem pagar o primeiro”, afirma o reitor, José Edilson Amorim.

A Universidade Federal de São Paulo divulgou nota dizendo que com a redução dos repasses do governo, ‘a situação financeira das universidades federais, que em 2014 foi sofrida, passa a ser ainda mais difícil’. Afirma ainda que: ‘a reitoria e diretorias acadêmicas estão trabalhando para a manutenção dos serviços essenciais enquanto a política de contingenciamento vigorar. Mas não sabem ainda quais impactos isso produzirá sobre as atividades de ensino, pesquisa e extensão, incluindo também o hospital universitário’.

Algumas já vinham com contas atrasadas desde o ano passado. Caso da UFRJ: o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, administrado pela universidade, chegou a fechar por alguns dias porque as empresas que fazem serviço de limpeza e conservação estavam sem receber há três meses.

Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, o Andifes, os reitores já estão refazendo o planejamento. “Estamos estudando cuidadosamente nosso orçamento para ver onde que seria possível ter algum corte”, afirma o presidente da associação, Targino de Araújo.

Ninguém do Ministério da Educação quis gravar entrevista. A assessoria informou que o MEC está em diálogo constante com as universidades e que a redução de 30% nos repasses é uma das medidas de ajuste fiscal. Segundo o governo, o corte será mantido até a aprovação do orçamento da União, que depende do Congresso.

Reitores têm uma reunião esta semana para discutir o problema e organizar uma vinda a Brasília. “A primeira iniciativa será solicitar, pela segunda vez, uma reunião com o novo ministro. Nossa ideia principal é que saúde e educação não pode entrar no contingenciamento orçamentário do Governo Federal, porque são atividades essenciais”, ressalta o reitor da UFPB.

O MEC afirmou que a previsão de investimentos na educação neste ano será maior que no ano passado, um aumento de R$ 900 milhões.

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“Morre Gabriel García Márquez” – Antonio Gonçalves Filho

Publicado no site do Estadão:

Morreu nesta quinta-feira, 17, aos 86 anos, o escritor colombiano Gabriel García Marquez, ganhador do prêmio Nobel de literatura de 1982. García Márquez viveu na Cidade do México por mais de 30 anos e enfrentava sérios problemas de memória, embora a família, com exceção do irmão Jaime García Márquez, evitasse publicamente vincular seus problemas de saúde ao mal de Alzheimer. A última aparição pública de García Márquez, ou Gabo, como era conhecido dos amigos íntimos, foi em seu aniversário, em 6 de março. Ele sorriu para os jornalistas, mas não falou com a imprensa.

Figura mais popular da literatura hispânica desde Cervantes, García Márquez ficou conhecido como um dos pais do realismo mágico, gênero literário desenvolvido nos anos 1960 e 1970 e caracterizado pela inclusão de elementos fantásticos no cotidiano ordinário.

De todos os seus livros, cujas vendas alcançaram mais de 50 milhões de cópias, o mais lido certamente é Cem Anos de Solidão (1967), épico sobre uma família fictícia, Buendía, numa cidade imaginária, Macondo. Nele, o escritor mescla lembranças pessoais a acontecimentos extraordinários, antevendo o próprio drama pessoal que enfrentaria na velhice (uma cidade inteira perde a memória no livro).

Além de Cem Anos de Solidão, ele é autor de O Outono do Patriarca, Ninguém Escreve ao Coronel, Crônica de Uma Morte Anunciada e O Amor nos Tempos do Cólera, seus romances mais populares. Gabo também é associado aos nomes mais representativos do chamado “new journalism”, corrente do jornalismo marcada pela liberdade com que são retratados fatos reais, à qual pertence o norte-americano Tom Wolfe.

Aos 20 anos, Gabo mudou-se para Bogotá, onde estudou Direito e Ciências Políticas sem, no entanto, obter o diploma, começando a trabalhar um ano depois como repórter do jornal El Heraldo, em Barranquilla. Ele também foi crítico do El Espectador, antes de partir para a Europa, em 1961, como correspondente estrangeiro. Sua obra jornalística completa foi publicada no Brasil pela editora Record.

Novo gênio. No El Espectador, publicou seu primeiro conto, em 1947, La Tercera Resignación, sendo anunciado pelo editor do suplemento literário do jornal, Eduardo Zalamea Borda, como o “novo gênio da literatura colombiana”. Foi exatamente nessa época que García Márquez se uniu a um grupo de estudos de Barranquilla, que se reunia diariamente na livraria de um grande intelectual, Ramón Vinyes.

Gabo assinava uma coluna no El Heraldo e discutia literatura com os colegas, em especial as obras de Albert Camus, John dos Passos e William Faulkner, esse último a grande influência literária do escritor, assumida na autobiografia, Viver para Contar, e mesmo antes, no discurso que fez ao receber o Nobel, em 1982.

A década de 1940 foi marcada pela boemia e pouco dinheiro. Ele morava em pensões baratas de bairros pouco recomendáveis. Em 1950, quando escrevia seu primeiro romance, provisoriamente chamado La Casa, voltou ao povoado onde viveu os primeiros anos, Aracataca, para vender a casa dos avós, com quem passou parte da infância. Lá, teve uma espécie de epifania, ao perceber que o povoado sonolento e empoeirado que conheceu quando criança não guardava semelhanças com o que via. Mudou o título do romance e criou, então, a cidade fictícia de Macondo, da mesma forma que Faulkner inventara o condado de Yoknapatawpha, microcosmo que representa uma alegoria do profundo Mississipi.

Os anos 1950 foram difíceis para Gabo. Como correspondente de El Espectador na Europa, recebia atrasado e passou por sérias dificuldades. Já havia escrito Ninguém Escreve ao Coronel (1958) quando sua situação ficou parecida com a do oficial do livro, à espera de uma carta que finalmente garantisse seu sustento até o fim da vida.

Já casado e com dois filhos, nos anos 1960, errou pelo sul dos EUA, mas não conseguiu visto de permanência por ser filiado ao Partido Comunista. Ele só retornou aos EUA em 1971, para receber o título de doutor honoris causa da Universidade de Columbia.

Fiel ao comunismo e aliado dos cubanos, criou em Cuba um curso de cinema pelo qual passaram alguns realizadores brasileiros. Ele mesmo teve experiências na área, assinando a adaptação cinematográfica de O Galo de Ouro, de Juan Rulfo, feita em 1963 em parceria com Carlos Fuentes. Quatro anos depois, com Cem Anos de Solidão, ele conquistaria o mundo literário, recebendo do poeta chileno Pablo Neruda seu maior elogio: “É o melhor romance escrito em castelhano desde Cervantes”. Seu último livro foi publicado em 2004, Memória de Minhas Putas Tristes

 

OBRA PUBLICADA NO BRASIL

1955 – O Enterro do Diabo: A Revoada
1961 – Ninguém Escreve ao Coronel; A Má Hora; O Veneno da Madrugada
1962 – Os Funerais da Mamãe Grande
1967 – Cem Anos de Solidão; Isabel Vendo Chover em Macondo
1970 – Relato de um Náufrago
1972 – A Incrível e Triste História de Cândida Eréndira e sua Avó Desalmada; Olhos de Cão Azul
1975 – O Outono do Patriarca
1981 – Crônica de uma Morte Anunciada
1985 – O Amor nos Tempos do Cólera
1986 – A Aventura de Miguel Littín; Clandestino no Chile
1989 – O General em Seu Labirinto
1992 – Doze Contos Peregrinos
1994 – Do Amor e Outros Demônios
1996 – Notícia de um Sequestro; O Verão Feliz da Senhora Forbes
2002 – Viver Para Contar
2004 – Memória de Minhas Putas Tristes

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Correspondência édita

Publicado na revista Ler, em minha coluna, na edição de dezembro de 2013:

A edição da revista Granta n. 2, publicada em Portugal, apresenta como inédita a correspondência entre Carlos Drummond de Andrade e Jorge de Sena. Não procede de todo.

Muitas partes dessa correspondência já foram publicadas no ensaio “Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Sena and international prizes: a personal correspondence”, de Frederick G. Williams, que foi professor da Universidade da Califórnia e da Universidade de Brigham Young. O ensaio encontra-se na revista Quaderni Portoghesi n. 13/14, de 1983; em agosto de 2012, o site Ler Jorge de Sena reproduziu o mesmo.

Jorge Fazenda Lourenço, professor da Universidade Católica Portuguesa, assinou a apresentação dessa correspondência na revista Granta. Ele também é autor de duas bibliografias sobre Jorge de Sena: Uma bibliografia sobre Jorge de Sena (Cotovia, 1991), que foi atualizada, em 1998, no Boletim n. 13 do Centro de Estudos Portugueses da UNESP/Araraquara. Em ambas consta o ensaio do professor Frederick Williams, com quem Fazenda Lourenço ainda organizou Uma bibliografia cronológica de Jorge de Sena (IN-CM, 1994).

Seria de bom tom, na edição da Grata, que houvesse ao menos uma referência ao importante trabalho desenvolvido pelo professor Williams, bem como ao fato de algumas cartas terem sido publicadas integralmente ou parcialmente em seu estudo e no site da Ler Jorge de Sena.

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“Moçambique: de volta à guerra” – João Carlos Barradas

O artigo é do jornalista João Carlos Barradas e foi publicado no Jornal de Negócios, de Lisboa:

Um ano depois de Afonso Dhlakama ter acantonado os seus guerrilheiros na Gorongosa o conflito entre a FRELIMO e RENAMO está ao rubro com ameaça de retorno à guerra civil. 

A intensidade e duração do confronto vai depender dos apoios que Dhlakama consiga mobilizar entre as populações rurais e os deserdados dos centros urbanos em Tete, Sofala, Manica e Nampula, províncias onde a influência da RENAMO poderá revelar-se maior.

Há ampla margem de manobra para o aliciamento de descontentes, pois mais de metade dos 25 milhões de moçambicanos subsiste abaixo da linha de pobreza: 54,7% segundo o último apuro oficial de 2009 — com relevo para a degradação das condições de vida na Zambézia — que constata ter sido impossível a partir da primeira década deste século reduzir disparidades sociais e o número absoluto e relativo de indigentes.

De todo o país chegam notícias de actos de banditismo, linchamentos, caça a bruxas e feiticeiros, e na capital os motins de 2008 e 2010 obrigaram o governo a desistir de aumentos de produtos básicos como o pão ou serviços essenciais como os deploráveis transportes públicos.

Os novos ricos de Maputo, entretanto, começam a emular os tiques de seus confrades de Luanda, mas Moçambique ainda queda atrás de Angola no Índice da “Transparência Internacional”.

De Pemba a Maputo não há, por enquanto, multimilionários para apresentar e entre 176 estados considerados na percepção da corrupção Moçambique é 123.º na tabela face à bem mais degradada 157.ª posição de Angola.

O quinhão da RENAMO

O acordo de paz moçambicano assinado em Roma em 1992 resultou da exaustão dos combatentes e não, conforme veio a suceder uma década depois em Angola, de um triunfo militar sobre um inimigo desbaratado e desorientado pela morte do seu líder carismático.

Desaparecidos o apoio da Rodésia de Ian Smith e da África do Sul que sustentaram desde 1975 a guerrilha de André Matsangaissa e, após a sua morte em 1979, de Dhlakama, a RENAMO persistiu numa guerrilha destrutiva em que a única exigência política compreensível passava por uma partilha de poder e eventuais receitas da exploração de recursos naturais.

A FRELIMO, por sua vez, descartou o marxismo-leninismo, mantendo, contudo, as alavancas do poder estatal e dos negócios, apoiada nas ajudas internacionais.

Dádivas e empréstimos a juros favoráveis no ano passado deveriam equivaler a 41,4% do orçamento, mas por contrariedades diversas, incluindo a recusa de países como a Holanda a subsidiarem programas sem garantias de transparência e supervisão independente, ficaram pelos 27% da despesa pública a acreditar no ministro das Finanças, Manuel Chang.

Depois de 1992, Dhlakama, sem base regional segura ou recursos económicos próprios – nunca contou com os diamantes que sustentaram Jonas Savimbi –, viu o grosso do dividendo da paz ser repartido pelas gentes da FRELIMO que garantiram igualmente os principais comandos militares e evitaram sempre que possível a integração paritária de antigos guerrilheiros.

A RENAMO foi incapaz de se afirmar nas sucessivas eleições e não apenas por causa dos recenseamentos privilegiarem áreas favoráveis ao governo, a distribuição de locais de voto prejudicar a oposição ou devido ao sistema de clientelismo alimentado pelo estado.

A principal razão do fracasso de Dhlakama nas eleições presidenciais de 1994, 1999, 2004 e 2000 tem que ver com a incapacidade de formular alternativas políticas coerentes e agitar recorrentemente a ameaça de retorno à contestação armada.

Há dinheiro a ganhar

A exasperação de Dhlakama, chefe sem pecúlio para distribuir, tornou-se cada vez maior à medida que começaram a entrar nos cofres do estado e em negócios paralelos as receitas das concessões de carvão e, em particular, de gás natural cujas explorações “off shore” na estimativa governamental poderão propiciar 5,2 mil milhões de dólares em 2026.

Apesar da carência de mão-de-obra especializada, da insuficiência da produção e abastecimento de electricidade, da péssima rede ferroviária e rodoviária, da degradação e mediocridade de instalações portuárias e aeroportuárias, o investimento estrangeiro passou de 2,6 mil milhões de dólares em 2011 para 5,2 mil milhões de dólares no ano passado.

As estatísticas moçambicanas são a ironia de um país que crescerá este ano mais do que a média de 8% que se vem verificando desde 1996, mas classificado na 185.ª posição entre os 187 países recenseados no “Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas”.

Moçambique terá agora de passar pelo boicote da RENAMO às eleições autárquicas de Novembro, tal como ocorreu em 1998, e caberá à FRELIMO, sobretudo se tiver a inteligência de cativar o “Movimento Democrático de Moçambique” de Daviz Simango, criar condições para isolar Dhlakama e apresentar um sucessor aceitável a Armando Guebuza em 2014.

A FRELIMO dificilmente conseguirá sufocar a RENAMO a curto prazo e um forte incremento do banditismo e da insegurança é de esperar, mas num país miserável, corrupto q.b. e com rios de dinheiro para dar a ganhar, Dhlakama mais depressa será morto pouco lamentado do que parceiro menor no grande esquema da prosperidade que calhará a uns quantos.

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“Morreu o escritor Urbano Tavares Rodrigues”

Texto de Isabel Lucas enviado por Jorge Fernandes da Silveira:

O escritor, jornalista e militante do PCP, Urbano Tavares Rodrigues morreu na manhã desta sexta-feira, no Hospital dos Capuchos, em Lisboa.

O escritor estava internado há três dias. A notícia soube-se através da página de Facebook “Urbano Tavares Rodrigues – escritor” e foi publicada pela filha, a escritora, Isabel Fraga, onde diz: “O meu pai acaba de nos deixar.

Estava internado nos capuchos há 3 dias. Não tenho mais informações. Soube agora mesmo.” O PÚBLICO confirmou.

Urbano Tavares Rodrigues nasceu em Lisboa, a 6 de Dezembro de 1923, filho de uma família de grandes proprietários agrícolas de Moura, Alentejo. Andou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde cursou Filologia Românica. Por razões políticas foi impedido de ensinar em Portugal, esteve preso em Caxias e acabou por exilar-se em França, onde conviveu com grande intelectuais da década de 1950.

Regressou a Portugal depois da revolução de 25 de Abril de 1974. Foi professor na Faculdade de Letras, crítico literário e esteve sempre ligado activamente ao PCP.

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