Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.
Nunca li nada de Manuel Bandeira que não fosse sublime.
Obrigada pela divulgação.
Esse poema teria maior influência de qual vanguarda europeia? O Expressionismo?
Cara Isa, não acredito que haja influência direta de nenhuma vanguarda europeia. É o mais autenticamente bandeiriano possível.
Um abraço, Eduardo
neste poema , drumond nos adverte de que a vida terrena e passageira, seja para ricos, pobres, poetas, comerciantes, europeus chines, dos USA ou do Brasil…
Drumond nos adverte como estamos vivendo a vida, sem sentido nenhum, vivendo em uma “agitação feroz sem finalidade”, e como eles “Estavam todos voltados para a vida ,Absortos na vida”, não percebiam a morte, que é o que dá um sentido a vida, na verdade… Depois da morte você vai encontrar Deus, ou seja, a morte não é a finalidade em si, a finalidade é Deus, mas quem dá essa dimensão de finalidade da vida, que é Deus, é só o advento da morte.
Drummond?
Manuel Bandeira escreve o que sempre precisamos saber…..
” A vida é uma agitação feroz e sem finalidade”
A quem gosta de seus poemas, indico assistir as interpretações de Luiz Thomas, no youtube, só escrever o nome do poema e do Luiz Thomas.
São 34, este é um deles
MANOEL É UM POETA QUE RETRATA A VIDA COMO ELA TEM QUE SER VIVÊNCIADO EM TODOS OS MOMENTOS HUMANO…
Prof. Eduardo, Manoel Bandeira era MATERIALISTA?
(“E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da ALMA EXTINTA.”)
Cara Tacia, no que diz respeito ao amor, predomina a perspectiva materialista na poesia de Manuel Bandeira.
Legal! Agradeço a resposta Eduardo! 🙂
Olá, corrija-me se entendi errado… 😜
No poema o autor disserta sobre vida e morte, onde, no título, a palavra “momento” caracteriza seus tempos. Basta um momento e nasce uma vida, outro momento e vem a morte; somos feitos de momentos. Podemos afirmar este ponto em “Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade/Que a vida é traição”.
Mas a morte leva tudo consigo. E em ” E saudava a matéria que passava/Liberta para sempre da alma extinta” percebemos a divisão entre corpo e alma, a matéria que, liberta, voltará a ser pó e a alma irá ao seu destino.
Manuel Bandeira é um autor a ser seguido,onde se aprende a escrever.
semantica da primeira oracao desse texto?