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“A morte de Orfeu”, de Olavo Bilac

Em vão as bacantes da Trácia procuraram consolá-lo.
Mas Orfeu, fiel ao amor de Eurídice, encarcerada no
Averno, repeliu o amor de todas as outras mulheres.
E estas, despeitadas, esquartejaram-no.

Houve gemidos no Ebro e no arvoredo,
Horror nas feras, pranto no rochedo;
E fugiram as Mênades, de medo,
Espantadas da própria maldição.

Luz da Grécia, pontífice de Apolo,
Orfeu, despedaçada a lira ao colo,
A carne rota ensanguentando o solo,
Tombou… E abriu-se em músicas o chão…

A boca ansiosa um nome disse, um grito,
Rolando em beijos pelo nome dito:
“Eurídice!”, e expirou… Assim Orfeu,

No último canto, no supremo brado,
Pelo ódio das mulheres trucidado,
Chorando o amor de uma mulher, morreu…

de Tarde, de 1919

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